quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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somos dois pontinhos. somos dois pontinhos concêntricos dobrando a esquina. a avenida é larga, parece wall street. somos dois pontinhos miúdos a cruzar o caminho sem perceber. ora um avança o outro e pede desculpas. ora o outro avança o um e não olha pra trás. ora trombam e viram uma linha só. somos dois pontinhos concêntricos, concentrados, confusos. somos dois pontinhos que engordam ou diminuem conforme o tempo. um pontinho pode abismar-se e virar três. daí nada se explica. o outro aguarda o momento em que o pontinho abismado volte a ser um só. e, se isso acontece, o outro pontinho (não abismado) ganha coragem de cruzar o caminho sem o medo de trombar no pontinho que voltou a ser um só. aí já não há mais medo de virar linha. somos dois pontinhos. somos dois pontinhos dando piruetas no ar. um pontinho é sempre mais ansioso que o outro. o outro compensa o salto de um formando base. outro pontinho também pode ter pés no chão. somos dois pontinhos miúdos. equidistantes mesmo quando distantes. próximos ainda que misturados com todos os pontos do mundo. somos dois pontinhos viajantes. dois pontinhos miúdos a traçar promessas ao infinito. abismados.

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