terça-feira, 29 de outubro de 2013

viagem pra dentro de si

queria ter quebrado todos os copos da casa, mas não quebrou. precisava de alguma forma administrar aquela saudade, aquela falta que ia consumindo todos os minutos e dias e semanas e nunca deixava o pensamento completamente livre, completamente solto. havia se permitido ao amor de uma maneira única, acreditava profundamente naquela história que vivia, queria mergulhar naquilo tudo intensamente, pra vida toda, mesmo que momentos de desilusão e sofrimento fizessem parte - pois sempre fazem. mas agora o amor se encontrava longe e a desbravar o mundo numa configuração ímpar e ela, em casa, sem dinheiro mas cheia de sonhos, só tinha o anseio de desbravar a si mesma. desbravar a si mesma é tarefa pra poucos, e ela sabia disso. e assim buscava enfrentar a solidão de frente, como se aquele monstro não fosse real - talvez nem fosse monstro. passava os dias a regar as plantas, a cozinhar, a limpar a poeira da sala, a sonhar com o desconhecido, a cuidar da voz. preparava o corpo e a casa, e guardava em si a certeza de que quando seu amor estiver de volta, ela será sim uma pessoa melhor. e ele também. pois ele terá mergulhado no mundo e ela terá feito uma viagem pra dentro de si. e ali, aquela casa, aquele corpo, aquela voz, nunca mais estariam apoiados numa plataforma frágil. e de olhos bem abertos, ela sabia: "quando meu amor voltar, eu poderei amar sem medo. e ele também."

terça-feira, 15 de outubro de 2013

arrudA

"de coração quente
e alma leve
flores brotando
da epiderme
o amor se dá

a quem se atreve"

te dedico assim, uma flor, bem amarela.


domingo, 13 de outubro de 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

inverno 2

parece que recomeçou o inverno. é outubro, a palavra do dia é primavera, mas o frio está descomunal. aqui na casa é silêncio. e, no silêncio, busco dar ouvido ao que se faz dizer em mim. milhões de perguntas na cabeça, milhões de desejos, algumas ansiedades, alguns medos. vontade que você volte e volte logo. o ano que vem é um mistério, esse mês é um mistério, tudo pode mesmo acontecer. dentro de mim, uma revolução diária. ainda assim, vontade de alguma paz e alguma calmaria, do brilho inocente no olhar de uma criança. as crianças nunca estiveram tão presentes nas palavras e nos desejos. erê trazendo luz, enquanto brilho no escuro. enquanto morro de saudade, eu vivo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

primavera, meu amor


pequenos devaneios de uma semana que começa

sob todas as instâncias: o corpo treme. quando respira, diante de uma notícia de impacto, no amor, treme. um alarme, um alarde, um desejo: o corpo treme. pulsa. para ouvir, basta estar. preciso inventar um novo sentido para a palavra abandono. preciso capturar o silêncio. preciso ver todas as capacidades da alegria. preciso ter eu, antes que seja mim. o que era sólido se torna líquido: escorrega pelos dedos, mas nunca se perde. o instante presente é uma descoberta - constante. ainda sou aquela que atravessa uma passarela com uma gaiola e um buquê de margaridas nos braços. é primavera, mas as flores despencam sem avisar. alguém virá recolher as pétalas.

terça-feira, 1 de outubro de 2013


::::

amor é você.

instante presente vivo

aprendendo que um dia é de cada vez. planejar sim, obcecar não.
aprendendo que amor que é amor é. e ele tá aqui: quentinho.
aprendendo que vale a pena se esforçar pra só estar perto só de quem te faz bem. mesmo que isso te custe alguns cortes. a saúde muito importa.
aprendendo que o tempo é uma coisa muito esquisita. e que às vezes a gente se sente longe, mesmo quando perto.
aprendendo que envelhecer é estranho. e esse ano é um dos mais intensos que já vivi na vida.
aprendendo que não me conheço. nem sei o que posso. só sei que posso. e estou indo. de algum jeito, estou.