domingo, 16 de setembro de 2007

tempo forte


Hoje amanhã depois
desde quando?
pausa melódica entre dois
mudos
mútuos
você longe.



Fermata.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

centro-me

Fiquei o dia todo a sua espera.

Quem você é, não sei. O que é também não me interessa. Fiquei a espera Disso: uma sacudida, um espasmo, um barulho incompreensível, uma pausa. Fiquei a espera de uma flecha que atingisse o centro do meu corpo – não o umbigo, que todos imaginam ser o centro do corpo, mas aquela parte que fica logo acima do estômago, logo abaixo do intervalo que existe entre os seios, aquele ponto do corpo que dói quando sentimos angústia. O centro do corpo é aí: no ponto da angústia. Angústia pura: fiquei a espera.
Eu queria uma voz que me acalmasse, uma melodia nova, uma cor de laranja no céu. Queria um instante em que tudo fosse possível – ou impossível. Queria um espanto, uma tosse, uma pontada nos ouvidos, um mergulho no intangível, um riso fantasiado, um escorregão, um salto na penumbra, um sabor novo e comum. Queria um aperto forte nos ombros, desses que erguem a gente para as nuvens. Queria um caminho atravancado que me fizesse mudar de direção, queria tornar a visão tortuosa por lágrimas, pálpebras de neblina. Queria um espirro, um grito ou simplesmente, um silêncio. Um silêncio com presença. Queria assim, simplesmente: algo que me arrebatasse.
Fiquei o dia todo a sua espera.

Espero.
título criativa : mil-ena

sábado, 1 de setembro de 2007

água


me lembrei de ofélia.