quarta-feira, 5 de setembro de 2007

centro-me

Fiquei o dia todo a sua espera.

Quem você é, não sei. O que é também não me interessa. Fiquei a espera Disso: uma sacudida, um espasmo, um barulho incompreensível, uma pausa. Fiquei a espera de uma flecha que atingisse o centro do meu corpo – não o umbigo, que todos imaginam ser o centro do corpo, mas aquela parte que fica logo acima do estômago, logo abaixo do intervalo que existe entre os seios, aquele ponto do corpo que dói quando sentimos angústia. O centro do corpo é aí: no ponto da angústia. Angústia pura: fiquei a espera.
Eu queria uma voz que me acalmasse, uma melodia nova, uma cor de laranja no céu. Queria um instante em que tudo fosse possível – ou impossível. Queria um espanto, uma tosse, uma pontada nos ouvidos, um mergulho no intangível, um riso fantasiado, um escorregão, um salto na penumbra, um sabor novo e comum. Queria um aperto forte nos ombros, desses que erguem a gente para as nuvens. Queria um caminho atravancado que me fizesse mudar de direção, queria tornar a visão tortuosa por lágrimas, pálpebras de neblina. Queria um espirro, um grito ou simplesmente, um silêncio. Um silêncio com presença. Queria assim, simplesmente: algo que me arrebatasse.
Fiquei o dia todo a sua espera.

Espero.
título criativa : mil-ena

4 comentários:

Anônimo disse...

Lindo..lindo...Também espero. Em silêncio,espero.

paquecas, por favor. disse...

esperemos...

Anônimo disse...

o ponto da angústia... vem escrito em letras miúdas: válvula de escape

Carol disse...

Aí Jú...
quem espera tanto?
Se espera sabe quem é...
sabe que pode vir.
Não espera não, vai atrás!
Vai!

Eu te ajudo!
Eu vou com vc.
te adoro!
muito.