segunda-feira, 25 de maio de 2009

os nomes repetem e também as estórias

"Foi um pequeno momento, um jeito
Uma coisa assim
Era um movimento que aí você não pode mais
Gostar de mim direito
Teria sido na praia, medo
Vai ser um erro
Uma palavra, a palavra errada
Nada, nada
Basta nada, nada
E eu já quase não gosto e já nem gosto
Do jeito que de repente você foi olhada por nós
Porque eu sou tímido e teve um negócio
De você perguntar o meu signo
Quando não havia signo nenhum
Escorpião, Sagitário, não sei que lá
Ficou um papo de otário, um papo
Ia sendo bom
É tão difícil, tão simples, difícil, tão fácil
De repente ser uma coisa tão grande
Da maior importância
Deve haver uma transa qualquer pra você e pra mim
Entre nós
E você jogando fora e agora vá embora, vá
Deve haver um jeito qualquer, uma hora
Há sempre um homem para uma mulher
Há dez mulheres para cada um
Uma mulher é sempre uma mulher, etc. e tal
Assim como existe disco voador e o escuro do futuro
Pode haver no que está dependendo
De um pequeno momento puro de amor
Mas você não teve pique e agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique, você não teve pique
E agora não sou eu quem vai lhe dizer que fique
Mas você não teve pique e agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique, não sou eu quem vai
Você não teve pique
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Não sou eu quem vai
Não sou eu quem vai lhe dizer que você não teve pique
Não sou eu"
Da maior importância, Caê e sua mais completa tradução.

terça-feira, 19 de maio de 2009

abandono

Posso sentir: você vai me abandonar. Consigo perceber isso em cada milímetro da sua atitude, na maneira em que me olha, em que me dirige a palavra, em que me abraça em silêncio, no diz-não-diz-diz-diz-não-diz. Ensaio a cenografia do abandono. Preparo minha reação, as lágrimas correm com agilidade, visto a camisa de ontem, percebo a taquicardia, o olhar vidrado, a cor da solidão. Espero pela angústia tão única que só o abandono traz com toda a sua completude. Sua partida não demorará muito e por isso permaneço alerta. Olhos atentos aos passos. Pressinto sua despedida todos os dias, sonho com o nosso adeus - meu maior medo. Saio para dar uma volta, vejo as vitrines cheias de cores, na galeria, cada clarão. Me distraio pra disfarçar a certeza que tenho em segredo. Respiro fundo.
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Passa um tempo, surpreendo-me. Caminho pro outro lado.
Me desculpe, quem vai te abandonar sou eu.

sábado, 9 de maio de 2009

sem cais

de repente alguém que me acorda.

rapaz

... recusa aos versos silenciosos
ao sopro de vida tímido
ao nó na garganta que fica apenas ali,
na garganta.

Pegue seu sonho, rapaz
deseje lançar-se pelas janelas do infinito
deseje o outro, os outros, si próprio
deseje o abraço que de tão apertado
já não cabe.

Deseje a dor, o gasto, o surdo
as lágrimas que não se enquadram em choro ou riso
apenas a água de quem sente.

Pegue seu sonho, rapaz
agarre-o com os dedos como quem não permite deixar escapar
agarre-o com desejo.

Deseje o desejo, deseje o desejo, deseje o desejo.
Que venha o grito além.
Que venha o grito.