segunda-feira, 31 de outubro de 2011

canção

seus olhos esvaziaram
os meus olhos os seus
eu também não caminho no breu
meu ritmo é seu.


meus olhos transbordam
em minhas mãos
suas mãos
tocaram a corda


desafino, amor
se eu não te escuto
toco as cordas pra sentir você nesse escuro
em mim
músico que é e que diz não ser
afinou


seus olhos esvaziaram
os meus olhos são seus
eu também não
caminho no breu
meu ritmo seu.


meus olhos transbordam
em minhas mãos
suas mãos 
tocaram a corda


desafino, amor
se eu não te escuto
toco as cordas pra sentir você
nesse escuro
em mim
músico que é e que diz não ser
afinou
em mim


sopra, me inspira, me compõe
meu acorde, na noite
no som
agora sopra
mas não me sopre para longe
respiro você, canto sopros, afino
amor
em mim


desafino, amor
se eu não te escuto
toco as cordas pra sentir você 
nesse escuro.

(patrícia bizzotto)

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"em cada escombro, em cada esquina
me dê um gole de vida"

domingo, 30 de outubro de 2011

ensaio para solitude


foto: Samuel Mendes. espetáculo: "solo para coisas quase esquecidas"

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não sei aonde estou agora, mas com certeza não é aqui. sob os meus pés caminham duas vertentes perigosas: uma do sim, outra do não. a dúvida flutua pela cabeça mas não me atinge. o que aflige é a pergunta, a de sempre, a que desde criança já percorria meu corpo. 

sábado, 29 de outubro de 2011

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ah, se ter saudade é ter algum defeito
eu pelo menos mereço o direito
de ter alguém com quem eu possa me confessar

transformar o tédio em melodia ou esboço de canção

"Cuida de mim
E vai pra onde ninguém se esqueça daqui
Do que ficou
Não é que eu te deseje ainda fico sem ar"

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

manoel de barros

"lugar sem comportamento é o coração"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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"estamos indo sempre pra casa"


(raduan nassar)

chuva



domingo, 23 de outubro de 2011

pomba

"As revoluções não são mais francesas e o amor é como pipoca no bico de uma pomba."


(renato jacques) 

som gostosinho



Barbara Eugênia ( "A chave")

sábado, 22 de outubro de 2011

do dicionário


separar (separar)


v.t.
Desunir, fazer a disjunção de: separar a cabeça do corpo.
Repartir, dividir, isolar: separar a sala em duas peças.
Distinguir, classificar, considerar à parte: separar o útil do inútil.
Afastar, apartar: separar dois contendores.
Obstar à união, incompatibilizar: os preconceitos separam as pessoas e as classes.
v. pr.
Afastar-se um do outro; apartar-se: separaram-se amistosamente.
Deixar de viver em comum; divorciar-se, desquitar-se: separou-se da mulher.
Pôr-se à parte, distanciar-se: separou-se da sociedade.

festa (fes-ta)

s. f.
Solenidade, comemoração, cerimônia em regozijo por qualquer fato ou data. (No Brasil, as festas nacionais são: 21 de abril [Tiradentes], 7 de setembro [independência do Brasil], 12 de outubro [N. S. Aparecida, padroeira do Brasil], 15 de novembro [Proclamação da República].)
Alegria, júbilo.
S.f.pl. Brinde, presente (por ocasião do Natal).
Fazer festas, procurar agradar, fazer carícias

espetáculo "festa de separação": http://festadeseparacao.blogspot.com/

2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

..

somos dois pontinhos. somos dois pontinhos concêntricos dobrando a esquina. a avenida é larga, parece wall street. somos dois pontinhos miúdos a cruzar o caminho sem perceber. ora um avança o outro e pede desculpas. ora o outro avança o um e não olha pra trás. ora trombam e viram uma linha só. somos dois pontinhos concêntricos, concentrados, confusos. somos dois pontinhos que engordam ou diminuem conforme o tempo. um pontinho pode abismar-se e virar três. daí nada se explica. o outro aguarda o momento em que o pontinho abismado volte a ser um só. e, se isso acontece, o outro pontinho (não abismado) ganha coragem de cruzar o caminho sem o medo de trombar no pontinho que voltou a ser um só. aí já não há mais medo de virar linha. somos dois pontinhos. somos dois pontinhos dando piruetas no ar. um pontinho é sempre mais ansioso que o outro. o outro compensa o salto de um formando base. outro pontinho também pode ter pés no chão. somos dois pontinhos miúdos. equidistantes mesmo quando distantes. próximos ainda que misturados com todos os pontos do mundo. somos dois pontinhos viajantes. dois pontinhos miúdos a traçar promessas ao infinito. abismados.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

!

primavera

engraçado isso tudo. nossas peças reunidas em papel machê. você de longe, como quem promete. eu daqui avistando qualquer coisa melhor virá. alguma sensação mais leve de coisa boa. reatar talvez? ou outro ponto terá nos atingido? alguém mudou de? engraçada a sensação de sentir aqui, já não me lembro mais qual foi a última vez que te vi. nossos passos lançam moda. vejo sim o caminho que você faz por dentro. e de fora de mim e de tudo sei que a brisa leve vai trazer. flores. sim. vai trazer flores.

uníssono

"é difícil saber pra onde olhar. o que ver. eu em geral habito meu olhar na beleza. e isso me traz problemas quanto soluções. os problemas em geral de ordem ética e as soluções de ordem estética. meu coração tampouco sempre é uníssono."

renato jacques.

domingo, 16 de outubro de 2011

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espetáculo "propaganda" - grupo acrobat - austrália.

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a falta é o que move o mundo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

leminski

(isso de ser
exatamente
o que se é
ainda vai nos
levar além)

de tarde se anoitecer eu vou estar

e a falta de imaginação me fez lembrar de você. o cheiro da calçada molhada. a mão seca. hoje eu só queria mesmo o seu abraço. passou o frio na barriga. a garganta engasgada. não sei se estou mais simples. aonde foram parar os seus olhos? alguma parte de mim escorreu pela janela. eu sempre soube que em outubro a gente seria  ___. tô falando bobagem. queria te dizer pra gente pensar amanhã. hoje dormir juntos. perder a hora. e a razão. joga fora toda essa lógica. você não precisa. desde ontem criei asas. hoje elas querem voar. no fim de semana é mais difícil. tenho ciúme dos seus óculos. eu nunca vou entender. meu pé arranhou um lado dele na greta do chão. se fecho os olhos só existe a imagem de você na esquina. sozinha não. olho adiante. uma porção de gente. tudo se acaba. o que a gente inventa a gente tem. eu sei que sim. mais. ainda. tem algo ali. pesca antes que seja tarde. quero mandar os astros pro inferno. meu caminho é o céu. quase seu. me deixa desperdiçar sorriso. o peito aberto. você na mira. um dia. será. eu sei que.

sim, ainda


Olhar colírico
Lirios plásticos do campo e do contracampo
Telástico cinemascope teu sorriso tudo isso
Tudo ido e lido e lindo e vindo do vivido
Na minha adolescidade
Idade de pedra e paz
Teu sorriso quieto no meu canto
Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade
Diluído na grandicidade
Idade de pedra ainda
Canto quieto o que conheço
Quero o que não mereço
O começo
Quero canto de vinda
Divindade do duro totem futuro total
Tal qual quero canto
Por enquanto apenas mino o campo ver-te
Acre e lírico o sorvete
Acrilíco Santo Amargo da Putrificação
acrilírico. caetano veloso.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"não despejem nossas crianças"

por cyro almeida. em solidariedade a comunidade dandara (bh/mg/brasil)




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

lua cheia

meu bem
agora
nhem nhem nhem

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" o futuro do mundo é a mestiçagem "

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

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e seu disser que o tempo urge? e se eu disser que continuo aqui? e se eu disser que o que sinto se expande pra outros sentidos e eu já nem sei que tipo de amor se trata, ou se é amor, ou se é saudade, ou se é vontade? e se eu disser que não compreendo? e se eu disser que compreendo? e que, compreendendo, mesmo assim, tem dor, mas tem também menos desespero, e que o olhar se abre pra outros rumos, outros espaços? e se eu disser que ainda assim quando o nosso olhar se encontra algo além disso tudo ainda é capaz de me invadir, e por muito menos de me fazer desejar, e o que me invade, atravessa, arremessa os braços e transborda? e se eu disser que tudo é mais simples do que parece? e se é simples, por que não? e se eu disser que eu seguro sua mão quando ficar difícil e solto quando for a hora de partir? e se eu não disser mais nada? você diz?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

!

"aconteça o que acontecer, eu sempre vou chorar em português"

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

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desarma
abre o peito
desfeito


e disfarça


despeja o medo
desejo


e desaba

domingo, 2 de outubro de 2011

pressa

"sinto sua mão
mas não consigo te alcançar o braço
será que eu te esqueci naquela mala?
o que dirão então na rodoviária?
quando descobrirem que a minha bagagem de mão
era você
e o que sobrou das suas pernas
me abraça, eu sinto pressa
antes que a gente esqueça
e apodreça
você um pouco mais depressa
se eu beijar seus lábios frios
não chore não
guardei seus olhos 
pra colecionar
seu último olhar
não vá me abandonar agora
me sinto tão sozinho"


pressa. luiz rocha.

canto

para cantar, pense que não é corpo que respira, no sentido de que ninguém tem controle do ato de inspirar e expirar o ar. o mundo respira: inteiro. o mundo respira: completo. o mundo respira: só ele. e talvez o único trabalho do cantor seja estar aberto pro ar que vem do mundo e devolvê-lo pro espaço em forma de som. o corpo é só passagem. 

sábado, 1 de outubro de 2011

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"Tudo 
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.


Tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.


Tudo será
capaz de ferir. Será.
agressivamente real.
Tão real que nos despedaça.


Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.


Toda palavra é crueldade."


(Orides Fontela, "Fala")

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