quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
drummond
"Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos."
segunda-feira, 28 de março de 2011
Toda vez que seu telefone tocar, atenda. Sou eu.
Pego o telefone. Digito o número. Apago o número. Guardo o telefone. Bebo um copo d´água (dois goles). Dou uma voltinha pela sala. Respiro fundo: um, dois, vuuush, vusssh. Pego o telefone - dessa vez mais devagar. Digito o primeiro número. Dou uma gargalhada estridente. A velhinha do apartamento ao lado escuta e levanta a cabeça. Faz muito tempo que a velhinha do apartamento ao lado não liga pra ninguém. Eu não vejo a velhinha do apartamento ao lado, mas posso pressentir que alguém me ouviu. Digito o segundo número. Alguém bate na porta. Era pra fazer "trim" e fez "toc toc". Despejo o telefone em cima do sofá. Suspiro (duas vezes). Abro a porta. Ninguém na porta. Ameaço fechar a porta. Olho de novo. Suspiro (uma vez). Fecho a porta. Pego o telefone em cima do sofá. Olho fixamente pro telefone. Imagino que o telefone é um grande pote de sorvete ou qualquer outra coisa que não precise de muita cerimônia para ser usada. Fecho os olhos enquanto aperto o telefone nas mãos. Penso em tudo que preciso te dizer. Tento elaborar as palavras como numa lista, pra não esquecer nenhum detalhe. Ensaio a conversa diante da parede - você é a parede. Gesticulo tudo, treino o olhar, dou ênfase às palavras importantes, demonstro raiva no momento em que deveria estar com bastante raiva. Suspiro (uma vez). Abro os olhos. Ajoelho lentamente no chão. Levanto as mãos pro céus, finjo de cristã, peço ajuda pra São Jorge. Sem demorar muito me levanto e peço desculpas por perturbar São Jorge com telefonemas. Pego o telefone - dessa vez mais rápido. Digito o número com decisão: 12345678. Espero tocar. Minha mão treme, quase que o telefone cai. O telefone não cai, meu coração sim.
Você atende.
Eu fico muda.
Você diz: oi.
Eu fico muda.
Você fala oi mais forte.
Eu fico muda.
Você suspira (muitas vezes).
Eu não suspiro (nenhuma vez).
Você fica mudo.
Eu digo: oi.
Você atende.
Eu fico muda.
Você diz: oi.
Eu fico muda.
Você fala oi mais forte.
Eu fico muda.
Você suspira (muitas vezes).
Eu não suspiro (nenhuma vez).
Você fica mudo.
Eu digo: oi.
terça-feira, 22 de março de 2011
onde
Eu guardei pra você um amor tão bonito. Desses de cinema, pra acalentar o coração, metamorfosear-se em poesia, semente pro futuro, memória, acima do sim e do não. Um amor guardado com cuidado e que é agora lançado pra fora das janelas como quem desperdiça uma primavera inteira, sem dó. Tendo as mãos vazias, pra onde hei de lançar todo o sentimento reunido sem censura por mim? Por onde hei de seguir sem a tua companhia? Que tipo de mundo vai ser construído no clarão da tua ausência? Quem me conduz, no dado instante, tão só?
segunda-feira, 21 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
mia couto
"A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras pessoais. A viagem acontece quando acordamos fora do nosso corpo, longe do último lugar onde podemos ter casa."
quinta-feira, 3 de março de 2011
um dia
hoje o dia tá assim, devagarzinho, e minha cabeça é invadida por pensamentos seus. eu tenho um mundo inteiro pra construir, um mundo inteiro com pedaços de mim, reunidos, juntos, sempre, agora. eu não consigo te esquecer, durante a manhã, durante a tarde, meu deus, ainda mais durante a noite, e chove, faz frio, eu tomo uma xícara de café pra ver se o dia então toma prumo e me conduz de leve, quem sabe uma hora a gente vai ser tranquilo, igual romance de cinema? tá na hora da gente inventar um novo jeito de lidar, uma nova linguagem, uma nova espécie, quiçá. será que a gente consegue? porque eu sei bem que é feita de deslizes a estória que a gente (em segredo) chegou a imaginar. você está longe, longe da minha palavra, longe do meu vocabulário, longe da minha espera, longe de qualquer possibilidade imediata de calor e tudo que eu tenho hoje é o dia e a minha xícara de café, pra tomar em silêncio, devagarzinho, dando destino aos sonhos.
um gole, então. dois goles.
um brinde.
um brinde.
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