sexta-feira, 19 de julho de 2013

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não sei dizer
nem medir
tem dia
que sou pura melancolia.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

presente

não fiz nada hoje.
fiquei esperando coragem pro passo. esperando deixei o tempo passar. contemplei o tempo.
lá fora parece que está frio. aqui dentro está confuso. quanta possibilidade pra uma única vida. quanto tempo pra se gastar e se perder. quanto pra viver, se sou só uma?
milhões de possibilidades, um mundo ao redor. a certeza forte de que ter medo é o maior dos erros. nada garante o dia seguinte. nada garante eu.
respirar fundo e manter o peito aberto - agradecer ao presente. cada instante é brilho.

domingo, 7 de julho de 2013

amor 2

"amor é quando o coração aplaude"

michel melamed

laço


alice

disse, alice, não sei que rumo tomar. se é pra direita, pra esquerda, minha cabeça quer fazer revolução, meu coração, não. disse, alice. alice não sabia se queria dia ou se queria noite. alice estava cansada de ser explorada no seu trabalho. mas alice também não tinha lá muito jeito pra trabalhar. alice tinha uma espécie de abismo no peito, uma ansiedade constante, um desejo tão grande de viver que às vezes quase sufocava a vida. não se desespere, visse, alice? ela escutava sempre. sempre tinha alguém sensato para lhe dar conselhos sobre ser calma, mas a verdade é que alice não aprendeu a ter calma, nem a ser serena, nem a ser plena. alice tremia, vibrava, urgia, desejava quase que sexualmente o mundo. era o impulso primeiro, pura invenção, apocalipse, vermelho, explosão, puro amor. alice gostaria de aprender a meditar, de observar as pessoas sem emitir uma opinião imediata sobre elas, de mastigar 20 vezes a comida antes de engolir, alice gostaria de fazer yoga, de falar clichês, de ter histórias da moda, de ser pós-moderna, quase frígida por não se abalar com nada, alice não gostaria de ser tão sensível, de chorar tanto, de ser tão à flor da pele, de explodir nas horas erradas, de engolir sapo, de suar as mãos, alice gostaria de ser organizada, de ter tudo com cheiro de hidratante cítrico, de controlar a alimentação, de conseguir parar de beber vinho antes de passar mal, de não se levar tanto a sério, de ser uma senhorita elegante. alice gostaria de ser simples, óbvia, trivial, comum, cara pálida.

mas alice urgia, urgia, urgia, urgia.