quinta-feira, 14 de junho de 2007

se algum dia precisar da minha vida, tome-a


"Uma estrada é deserta por dois motivos: por abandono ou por desprezo.. Esta que eu ando nela agora é por abandono..." "... Eu sinto mesmo hoje que a estrada é carente de pessoas e de bichos. Emas passavam sempre por ela esvoaçantes. Bandos de aititus a atravessavam para ver o rio do outro lado. Eu estou imaginando que a estrada pensa que eu também sou como ela: uma coisa bem esquecida. Pode ser. Nem cachorro passa mais por nós. Mas eu ensino para ela como se deve comportar na solidão. Eu falo: deixe deixe meu amor, tudo vai acabar. Numa boa: a gente vai desaparecendo igual quando Carlitos vai desaparecendo num fim de uma estrada...Deixe, deixe, meu amor."

Manoel de Barros em Memórias Inventadas

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