quarta-feira, 13 de junho de 2007

procura-se o ócio

foi no café da manhã o comentário materno: "você corre demais. na sua idade eu gozava mais da vida". engraçado. triste e engraçado. quando foi mesmo que todos nós nos tornamos coelhos da alice? não sei bem. teria o relógio começado a girar mais rápido do que de costume?
sem saber bem em que momento exato atravessei o espelho, virei coelho. e corro. e corro. e corro. coisas demais, pouco tempo demais. sobra pouco tempo pra pensar na vida. pra sentir o cheiro das coisas. pra olhar nos olhos de quem me conta alguma coisa surpreendente ( por falar nisso, há quanto tempo não escuto alguém me contar alguma coisa surpreendente? ). teríamos deixado de ser surpreendentes? teríamos deixado de ser gente?
o problema de se amar o que faz é achar que o trabalho pode ser sempre o seu momento de diversão. pode. mas ainda assim é trabalho. por essas e outras, a campanha do ócio. a campanha pelo nada. pelo olhar pro tempo. pelo passar o tempo. pelo fechar os olhos e sentir cheiros. e só. tudo bem que não dá pra fazer isso sempre, mas sim, a campanha pelo gozar da vida ( pelo menos nos domingos, em algumas noites...). manoeludo já disse uma vez: "se o nada acabar, a poesia acaba". chega de buscar um avalanche de coisas.
no momento, estou na busca pelo vazio.

3 comentários:

amina disse...

e o que a gente faz é poesia. a gente é poesia. então precisamos do ócio para ser e para fazer o que a gente faz. precisamos do nada pra poder chegar a tudo.

fortaleza furta-cor disse...

e talvez não exista sinônimo maior do que o desses dois:
nada e tudo

o Bom Pastor disse...

Irônico como esse excesso que anestesia os sentidos pede por pequenas sensações aumentadas.
Me disseram que enquanto os dois opostos coexistirem na mesma intensidade, tudo bem.