domingo, 22 de junho de 2014

enquanto espero

enquanto você percorre as paredes do deserto, me pergunto qual é o tamanho do silêncio que você já não consegue ouvir. há uma devastação em mim, assim como um campo limpo, aberto, vivo, frutífero, ainda que em estado de pausa.
enquanto você percorre de longe os caminhos de quem parece saber pra onde ir, eu me perco entre acasos, noites e sonhos vazios. sinto de perto as vontades mais cruéis. os desejos inacabados. a sincera contradição. a minha. a nossa. a contraluz.
enquanto você vive aos quatro ventos do universo, eu tento encontrar em mim alguma coerência, alguma sílaba que me absolva de sentido, algum nome, alguma afirmação. espalho meu corpo na casa fria. sou aquela que dorme enquanto os outros caminham adiante.
enquanto você vibra, eu mergulho. enquanto você foge, eu descubro. enquanto você encontra, eu percebo. há um amor aceso ainda que na penumbra. ainda que frágil. ainda que só. enquanto vivo.

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