Hoje pensei sobre gerenciar vazios e pensei nesse buraco que
carrego aqui dentro. Esse tamanho de incerteza que me conduz para o mais
incerto de mim mesma. Essa certeza inerte, essa vontade de viver mais do que
posso, de experenciar um pouco de tudo e de ter sempre a sensação de se fazer
muito pouco. Sobre o amor mesmo, aprendi nada. Perdi todas as pessoas que amei. Hoje sei que é preciso gostar com distância, mas me recuso a querer ser
equilibrada demais. Sinto falta de algumas paixões, apesar delas me darem febre. Às
vezes vazio é só fome. Ou sede. Ou vontade de criar problemas. Sei que a minha
inquietude de hoje tem a ver com o pânico constante de me tornar uma dessas
pessoas que simplesmente tiram o lixo da casa, levam o cachorro pra passear e
comem pizza aos sábados no shopping. Vivo constantemente sobre o paradigma da
urgência. Querer que cada instante seja único é o que me faz ser tomada pela ansiedade. E assim vou atropelando as coisas. Tropeçando nas pessoas. Tropeçando
em mim. Não posso querer ser mais do que não fui. Assim como querer ser mais é apenas a
tentativa de se querer ser alguma coisa. Não sei se sou alguma coisa, não sei mesmo. Mas sei que
estou tentando. E tentar ser vale mais do que se colocar em um lugar de
estabilidade. Eu sou aquilo que não prometo ser e a cada minuto que se passa me
desconstruo nesse risco enorme que é a vida.
Um comentário:
tentar ser vale mais que a estabilidade... isso precisa ser meu mantra. porque fico entre esse desejo de viver-verdade e uma ânsia por estabilidade... duelo!
(curiosamente as palavras que tenho que digitar para que este post seja publicado e para provar que eu não sou um robô são: morra pleasure)
bju,ju machado
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