segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

pela opressão dos fatos

devo olhar pro céu e então traçar novos rumos. devo transformar. a paisagem ao invés de desfilar desaba sem dó sobre a cama. devo cantarolar em silêncio imaginando a sinfonia dos passarinhos e agradecer o fato deles poderem voar. acendo um cigarro. deixo a cama. e penso. penso sem medida sobre o que haveria de ser e não foi, sobre a terrível opressão dos fatos que apenas revelam a imensa mesquinhez humana. perco o fôlego. volto a pensar. enquanto houver mundo, haverá abuso e haverá poder e haverá desmedida e haverá crueldade e haverá podridão. enquanto houver mundo, haverá mudança e haverá respiro e haverá desejo e haverá seta e haverá luz. e o que é justo ganha corpo hoje ou daqui há mil anos, mas as palavras não se calarão. até na virada da noite, não se calarão. e a cada novo esquecimento, não se calarão. e, diante do espelho, não se calarão. e sempre que precisarem de eco, não se calarão. enquanto houver vida, haverá voz.
tudo dói. tudo é singular. tudo é subitamente violento. mas cada rio sabe o tamanho do seu curso. basta ver. 

Nenhum comentário: