é quase março. no dia vinte e um o sol entra na casa de áries e leva embora o verão. no dia vinte e um nascia uma menina que aprendeu a enxergar beleza em todas as coisas. defeito grave. tendência a viver na ilusão. um ciclo se fecha e outro se abre. o vazio maior do mundo preenche o peito. coisas sagradas permanecem. o amor também. poderia dizer que não me lembro mais de você, mas de que adianta forjar palavras que contradizem o olhar que não mente? veja bem, meu bem: que nenhuma mágoa transforme em amargura o meu coração. um pé na realidade, outro na ficção. bem que te quis. agora, outono. desperdiço o que me resta pelos arredores. alguém virá recolher as pétalas. cuidadosamente.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
alice ruiz 2
lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?
alice ruiz
"tem os que passam,
e tudo se passa
com passos já passados
tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido
e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado."
e tudo se passa
com passos já passados
tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido
e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado."
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
recomeço
"Era uma vez um Rapaz que tinha acabado.
E, no dia seguinte, um novo Rapaz aparecia.
Sem respostas para as perguntas."
luis filipe cristóvao.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
o caminho até o poema
olhou pros pés, ela usava sapatos. eles já não lhe caíam tão bem nos pés. o chão agora deveria ser firme, mas, no entanto, ela tinha começado a flutuar. estava de frente do homem da sua vida. ele não a deixava partir. olhou pro homem e não sabia o que dizer. sempre que ela o olhava era assim: a fala tremia e ela nada dizia, e quanto mais queria dizer mais ficava muda, quase oca de tanto silêncio. o fato é que provavelmente nenhuma palavra conseguiria dar conta do recado. "que meu amor seja todo silêncio", ela pensava. ou "quanto mais amo, mais calo." ele percebia o incômodo do momento e, quase de propósito, não ousava pronunciar nenhum som. ela ficava muda e ele não tossia, nem piscava. aquele homem tinha a terrível capacidade de reafirmar o silêncio."pra que falar se não há nada pra se dizer?", ele pensava. já pra ela, a ausência de palavras era sinal de desencontro: "eu falo por sentimentos, enquanto você fala por palavras."
olhou pros pés novamente. ela sentia que eles estavam um pouco maiores do que no ano passado. maiores e perdidos, os pés tinham desaprendido o caminho até o poema. um poema se faz nas horas de desatenção, entre uma espiada no relógio ou um telefonema qualquer."pois assim também haveria de ser o amor" - ela pensou. "o amor não pode ocorrer quando ainda se calculam frases. talvez o amor só exista quando o silêncio deixa de ser um incômodo."
olhou pros pés mais uma vez. eles realmente tinham desaprendido o caminho. aquele homem não conseguia perceber urgência da situação. pior do que fazer do silêncio um incômodo, é querer gritar quando se está calada.
um poema se faz nas horas de desatenção e ela sabia que precisava permitir-se vagar. sem pensar muito, fechou os olhos que viam o homem. apontou os pés pra uma direção qualquer. titubeou. deu um passo. ele tentou dizer alguma coisa, ela não ouviu. nem percebeu.
olhou pros pés novamente. ela sentia que eles estavam um pouco maiores do que no ano passado. maiores e perdidos, os pés tinham desaprendido o caminho até o poema. um poema se faz nas horas de desatenção, entre uma espiada no relógio ou um telefonema qualquer."pois assim também haveria de ser o amor" - ela pensou. "o amor não pode ocorrer quando ainda se calculam frases. talvez o amor só exista quando o silêncio deixa de ser um incômodo."
olhou pros pés mais uma vez. eles realmente tinham desaprendido o caminho. aquele homem não conseguia perceber urgência da situação. pior do que fazer do silêncio um incômodo, é querer gritar quando se está calada.
um poema se faz nas horas de desatenção e ela sabia que precisava permitir-se vagar. sem pensar muito, fechou os olhos que viam o homem. apontou os pés pra uma direção qualquer. titubeou. deu um passo. ele tentou dizer alguma coisa, ela não ouviu. nem percebeu.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
recomeçar
"A vida tem seu renascer de uma dor
Toda ferida um dia tem que fechar
E quem secou esse pranto
Pode novamente amar"
Toda ferida um dia tem que fechar
E quem secou esse pranto
Pode novamente amar"
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
carnaval (2)
permanecer no instante,
não olhar muito pra dentro, nem muito pra fora
respirar fluido
fazer da canção uma presença
fazer da presença uma canção
não forçar
ter convicções
desafiar-se, desafiar-se, desafiar-se
estar de frente com o próprio limite
saber respeitar o limite do limite
permitir silêncio
respirar fluxo
re-significar a palavra
assumir as contradições
ocupar a cidade, a pele, o carnaval
fazer do corpo festa
contato inaugural.
não olhar muito pra dentro, nem muito pra fora
respirar fluido
fazer da canção uma presença
fazer da presença uma canção
não forçar
ter convicções
desafiar-se, desafiar-se, desafiar-se
estar de frente com o próprio limite
saber respeitar o limite do limite
permitir silêncio
respirar fluxo
re-significar a palavra
assumir as contradições
ocupar a cidade, a pele, o carnaval
fazer do corpo festa
contato inaugural.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
amor até o fim
antes dúvida, agora convicção. em busca de pés. no chão. certos momentos exigem consistência. do corpo leve que flutua, nenhuma certeza. minha pele é de carnaval. meu coração, nem tanto. ainda assim, que venha a festa. e sem saber nem como nem onde nem pra onde, um ritmo breve me invade. você de volta. o mar que compõe minha saudade. sabor de longe: sem alarde. nem medo, nem mistério. saber de perto: antes espera, agora prumo. capacidade nem boa nem ruim de permanecer no instante. você promete - até quando finge que não. gil já falou, amor não tem que se acabar. até o fim da minha vida eu vou. em frente.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
você
queria poder encher sua garganta de versos. te abraçar forte e dizer: "que bom que você está aqui". descrever o tamanho da minha saudade. ficar em silêncio olhando nos olhos, igual a gente já conseguiu, um dia. a gente sabia ficar em silêncio assumindo a passagem das horas. não tínhamos medo da distância. nem da morte.
e agora, onde estou? onde estamos?
e agora, onde estou? onde estamos?
as coisas migram e ele serve de farol
há três anos atrás eu avistava da janela o mar da bahia. o mar da bahia é diferente de todos os mares. ele é de um azul bem mais azul que o azul do rio de janeiro. do farol da barra se vê o começo. salvador, coração dos negros. salvador, coração começo de Brasil.
dia dois de fevereiro, dia de iemanjá, dia de festa. há três anos atrás eu tive a oportunidade conhecer de perto o homem velho. o tempo passa, mas ele nunca envelhece. e mora no morro da paciência. e toma uma coca-cola. e eu penso em casamento. não com ele, não mais. casemos as ideias. olhemos em torno. a perfeição está nos detalhes. eu quis fazer uma canção pra ele. uma canção brasileira. ele fez todas as do mundo e eu ouso dizer que fará mais. ator social do nosso tempo. até quando erra, está vivo. a dor define nossa vida toda. mas a alegria é a prova dos nove. sempre.
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